Um sopro missionários
Umas leituras acompanharam nossos anos de permanência nacional à JACF:
‘LA FRANCE PAYS DE MISSION ?’ dos padres, Godin e Daniel, espécie de « bomba espiritual »
O cardeal Suhard leu este livro numa noite e ficou subvertido. Este pequeno livro subversivo mostrava-nos melhor o estado de descristianização que já tínhamos constatado na nossa aldeia, nosso departamento e em outras regiões da France como no departamento da ‘Creuse’.
No mesmo tempo era preciso entrever pistas a promover.
Por além das testemunhas dos rapazes e moças da J.O.C (Juventude Operária Católica), éramos conduzidos a compreender o que poderia ser a missão: como o fermento na massa.
“A tarefa da Igreja consiste em obter que o cristianismo penetre todos os atos da vida. O exemplo deve vir de rapazes e moças como os outros que não temem dar testemunho de Cristo.
Sem os movimentos da Ação Católica, um pároco prepara o funeral religioso da sua paróquia que lentamente continuará de fracassar e acabará morrendo como se morre de uma doença de langor”.
E citando o padre Louis Bernaert: ‘Pour un chrisrianisme de choc’.
“É preciso levar em toda a parte a luz do Evangelho.
Em primeiro, convém ser do meio.
Um passo de amor nos fará viver da vida do nosso meio em tudo, mas precisamos também contrastar com vigor sobre ele.
É preciso surpreender, dar choque.
Que os gestos dos cristãos surpreendam!
Tudo o que manifestará o amor surpreenderá”...
(PROBLEMES DE VIE SPIRITUELLE, do Padre de Montcheuil, jesuíta).
Capelão da Paróquia Universitária, o Padre Montcheuil teve também contactos com a equipe nacional J.A.C.F. antes da minha chegada. Muitas vezes, aquelas que o tinham conhecido nos falava dele. Tinha sublinhado, na época, neste livro numerosos trechos que tenho gostado de reencontrar. Seguem alguns destes:
“Podemos ser apóstolos de várias maneiras e mesmo com atividades que parecem somente ter uma relação longínqua com o resultado procurado, mas com a condição de nunca perder de vista a verdadeira finalidade.
O homem, criado à imagem de Deus, guarda sempre, embora enterrado no mais fundo, o sentido da vida divina.
Dando que leva a semelhança de Deus que é amor, o homem é capaz de reencontrar o gosto do Amor.
Todavia, como provocar este despertar?
Há um meio: é o testemunho exprimido na vida. O testemunho é chamado a uma liberdade sem dar pressão sobre ela. Pois mostra ao homem transparecendo numa vida semelhante à sua, este ideal do qual a atração nunca é totalmente ausente do seu coração. É, portanto, capaz de torná-lo atento ao chamado que Deus nunca pára de lhe dar a entender no fino ponte da alma.
Não estamos condenados de passar uns ao lado dos outros sem ação uns sobre os outros como se cada um vivesse e morasse somente por si.
Cristo apareceu no mundo no mesmo tempo, como um ser familiar e derrotando e no entanto tudo diferente que nós...”
‘ESSOR ET DECLIN DE L’EGLISE.’ Trata-se de uma carta do Cardeal Suhard.
Esta vai ressoar bem além das nossas fronteiras. Nós tínhamos percebido toda a importância e fomos sensíveis no que se dizia da Ação Católica. Tenho gosto de citar uns trechos:
“Será a honra da nossa geração ter percebido que a situação nova da humanidade exigia condições apostólicas novas. O imenso esforço que produziu os movimentos especializados os empurrou a descobrir sem parar os meios de trabalhar a massa indiferente à maneira do fermento. Percebemos agora a influência real exercida pelas gerações crescentes sobre a família, a profissão, as comunidades reais de vida, e mesmo as instituições. O mal estar do momento não é nem uma doença, nem uma decadência do mundo. O apostolado deve ser a base de Ação Católica”
O Cardeal cita então uma passagem da Encíclica Quadragésimo Ano de Pio XI:
“Para fazer voltar à Cristo estas diversas camadas de homens que o negaram, é preciso antes de tudo recrutar e formar no seu seio mesmo auxiliares da Igreja que percebam as suas mentalidades e as suas aspirações, e que saibam falar aos seus corações num espírito de fraterno amor.
Os primeiros apóstolos, os apóstolos imediatos dos operários serão os operários; os apóstolos do mundo industrial e comerciante, serão industrias e comerciantes”.
“Esta ação não será muitas vezes mais visível do que a do fermento que, quando tem penetrado na massa, desaparece e parece absorvido.
Sem encarnação, não há mais Igreja.
É preciso concluir. A quem faríamos acreditar depois desta enumeração que a Igreja está morrendo? Não tem fundamento diante de tal fervura, falar em agonia! Estas grandes forças que transpassam a Igreja, estas ondas de fundo que a levantam, não são sinais de morte. Estas revelam a subida da seiva, o empurrão da primavera.” (Quaresma 1947)
OS ESCRITOS ESPIRITUAIS DO IRMÃO DE FOUCAULD, convidavam-nos a um “viver com” muito próximo daquilo que desejamos viver na vida religiosa.
Era preciso citar ainda
‘PROBLEMES MISSIONNAIRES DE LA FRANCE RURALE’
Tomando conhecimento de ‘ LA France Pays de mission ? ‘ o Cônego Boulard decidiu apresentar as suas próprias reflexões em ‘Problèmes missionnaires de La France rurale’ e publicar a ‘CARTE RELIGIEUSE DE LA FRANCE RURALE’.
Lembremos o que dizia dos Irmãos Missionários do Campo:
“Este chamado geral aos Institutos religiosos já existentes não torna supérfluo a fundação dos I.M.C., exclusivamente consagrados ao apostolado rural em região descristianizada. Achamos que esta responde a uma necessidade atual para aqueles que se sentem chamados à vida religiosa, e no mesmo tempo ao apostolado no quadro da vida rural.
Esta não substitue ou duplica a Missão de França de Lisieux, é antes um complemento.”
De Irmã Marguerite Bousquet